segunda-feira, 28 de fevereiro de 2011

CRUZES E FAIXAS NA RUA DA PRAÍNHA EM CUIABÁ






Devo dizer que sempre defendi a realização da subsede da Copa de 2014, em Cuiabá.
Por razões obvias, entre elas a receptividade e o interesse da população e também os avanços estruturais que demorariam mais alguns anos, provavelmente décadas para se alcançar, enquanto que com o evento, esse tempo será abreviado sensivelmente.
No entanto, não posso deixar de pensar que todos esses avanços possuem custo social antes, durante e após a realização.
Construir estádio, campos de treinamentos e realizar obras de mobilidade é algo que se tendo dinheiro não se torna tão difícil. Entendo que mais complicado é realizar um estudo dos impactos sociais desses atividades sobre a vida das pessoas e oferecer alternativas para que não sejam “bois de piranha” sacrificados em nome do progresso ou em nome de benefícios para a maioria.
Quanto mais tempo de demora para iniciar as desapropriações, mais evidente fica a ausência de preocupação com o ser humano.
Todos estão preocupados com os prazos, com as obras, e, provavelmente, com a parte que lhe será correspondente nos lucros.
Não é hora de fazer o jogo do adversário dizendo que a Copa pode não ser em Cuiabá. Isso é besteira.
Já existe dinheiro alocado e contratos que precisam ser cumpridos.
O que se deve discutir são as questões relacionadas as pessoas, aos seus bens que podem ser atingidos direta ou indiretamente, ou ainda, seus direitos – caso dos locatários – que podem ser atingidos direta ou indiretamente.
Uma rua fechada por um determinado período significa prejuízo em vendas, em atendimento, por exemplo, mesmo que o imóvel não venha a sofrer a desapropriação.
Um estacionamento sendo reduzido ou dificultado resultará em desconforto e que determinado tipo de clientela não deseja e nem está disposta a suportar, ou seja, o empresário ou prestador de serviço, pode ser atingido dessa forma em seus negócios.
Mas, enquanto isso a AGECOPA não se dispõe a comparecer em audiência pública (vide Assembléia) e provavelmente o mesmo pode ocorrer na Câmara Municipal, enquanto que na avenida conhecida como Prainha faixas pretas e cruzes começam a sinalizar o fim de um ciclo e a condenação de muitos a prejuízo, falência, e mudança de endereço, deixando ali, simbolizado naquelas cruzes espalhadas, o sinal de que foram vitimados pela ausência de respeito ao ser humano.
Hilda Suzana Veiga Settineri

quarta-feira, 9 de fevereiro de 2011

QUANDO SOBE UMA ESTRELA






A noite longa, quase interminável do regime de exceção já encaminhava para seus estertores.
No meio das massas de trabalhadores começava a germinar a idéia de construir um partido político.

Durante muitos anos, sob a imposição da legalidade de apenas dois partidos: Arena e MDB, o primeiro de situação, portanto, alinhado ao governo autoritário e o segundo, constituído por uma miscelânea de várias ideologias que tinham em comum o desejo de liberdade e de democracia. Dissolveu-se o bi-partidarismo com o fim do regime ditatorial e surgiram partidos políticos, cada qual manifestando sua ideologia, mas, nenhum contemplava exatamente os ideais daqueles trabalhadores que se envolveram nas lutas políticas e não apenas de recomposição salarial.
Era preciso uma estrela para guiar todos para sair da penumbra que a noite tenebrosa do estado de exceção.
De repente, não mais que de repente, a estrela começou a brilhar no firmamento político e os olhos e as esperanças daqueles que estiveram na vanguarda dos movimentos contra a opressão foram juntando-se e formando o Partido dos Trabalhadores.
Os céticos nunca conseguiram vislumbrar que ali nascia um partido político diferente, sem donos, e disposto a discutir melhor o Brasil, suas riquezas e a condição de vida da maioria dos brasileiros.
Ainda ecoa as vozes das ruas e dela se destacando um metalúrgico barbudo, muito longe do protótipo de político que se desenha nas mentes da época, mas, que a história viria demonstrar, ser o maior Presidente do Brasil.
Junto dele, tantos outros, alguns mais famosos, todos, porém, com uma contribuição singular para a democracia brasileira, os movimentos das massas e a formação do Partido dos Trabalhadores.
Por isso, muitas pessoas não entendem como o PT sendo governo, fica contra o governo e ao lado dos trabalhadores?
Muito simples.
O PT é o partido dos trabalhadores, estar no governo é uma circunstância, estar ao lado dos trabalhadores é a sua essência.
Com todas as contradições internas, nenhum outro partido é tão democrático e tão identificado com os brasileiros que constroem este país.
Me perdoem os puristas, mas é hora de deixar de estourar o champanhe e brindar mais um ano de existência do Partido dos Trabalhadores com a mais nacional das bebidas: a cachaça. Parabéns, brasileiros de todas as idades, de cada rincão brasileiro que nos momentos de luta política, desfralda a bandeira e vai as ruas.
Parabéns, aos brasileiros que lutaram pela construção do PT e que já não estão mais entre nós, mas, na existência do PT serão preservados na lembrança. Parabéns, ao Brasil por ter um Partido de trabalhadores.
Hilda Suzana Veiga Settineri

terça-feira, 1 de fevereiro de 2011

MUMIAS!!!!. AOS SEUS SARCÓFAGOS.

MUMIAS!!!!.



MUMIAS!!!!.
Vendo a posse dos “novos” membros das casas legislativas brasileiras tive a impressão de que se tratava de um espetáculo surrealista.
O cheiro que impregna o legislativo lembra o formol e as personagens parecem terem sido preservadas no tempo através de fórmulas secretas, não revelada aos mortais, permitindo que as múmias não ficassem confinadas aos seus sarcófagos, mas ocupassem centros de poder no Estado brasileiro.
Experiência não é o que lhes falta.
Passaram a vida toda orbitando o poder e usufruindo do “sacrifício” de doar-se para a sociedade. Fico a pensar nos sinais claros de desejo de mudança da sociedade brasileira, primeiro elegendo um operário, agora uma mulher para o cargo de mandatário maior da nação e, pelas amarras construídas no sistema político é impossível uma renovação no legislativo.
Existem essas superestruturas dentro das agremiações partidárias onde é impossível o desenvolvimento de novas lideranças, senão forem ungidos ou descenderem de “sangue azul”.
O poder permite estranhos conchavos, desde que permita a perpetuação, isso explica porque não querem mudar a legislação partidária, porque não aceitam a fidelidade partidária, de programas e de cumprimento de mandato.
Tantas negociações, em qual cidade não houve acordos estranhos?
Em qual Estado?
Esse legislativo com vocação “mascarada” de parlamentarismo torna refém o Executivo, que por vezes, aguarda ansiosamente que lhe tomem.
O sonho das pessoas comuns vai se esvaindo, sem a “receita” da eternização aos poucos vão se afastando dos movimentos populares, desistindo de empunhar as bandeiras e sendo obrigado a sepultar seus ideais.
Não é de ficar pasmo com a renovação do legislativo brasileiro seguindo “receitas” alguns tornaram a função, em profissão e somente sairão da respectiva casa legislativa, depois de encomendarem seu réquiem.
Alguns poucos, representam o próprio escárnio da inteligência brasileira, ao serem eleitos representantes do nada.
Mas, dizem por ai, brasileiro tem fé. Aguarda pacientemente que algum milagre possa acontecer nesse espaço tétrico de perpetuação do poder.
Hilda Suzana Veiga Settineri