Eu ainda não sei
exatamente o que querem fazer com meu país? Mas sei que não é nada bom. Próximo
ao meu nascimento, na sombra e ardilosamente, se arquitetava um Golpe de Estado,
foi tão ordinário e ao mesmo tempo cruel que, passei parte de minha vida, de
alguma forma, lesado em vários direitos, inclusive, o de escolher um presidente.
Coincidentemente as mesmas vozes que se movimentaram em 1964 e anos anteriores
para mergulhar o país numa terrível ditadura cujos reflexos ainda são sentidos
nas instituições, com o mesmo objetivo. Essas vozes tiveram a sua recompensa
durante os anos de chumbo. As comunicações em qualquer situação é um poderoso
instrumento de manipulação e controle e o regime de exceção foi pródigo em
legar aos seus séquitos rádios e televisão. A defesa do quanto pior melhor não
é de graça. Observe que setores estão faturando com a “crise”, que afinal eu
nasci, cresci e já vou avançando na idade, sempre ouvindo falar dela. Então é
assim. Vamos usar uma parábola para explicar. Teve um tempo que se plantou
muito, colheu muito e o lucro da atividade foi compensador, seguiram-se outros
mas, um determinado ano a chuva não veio e a produção caiu, os custos se
mantiveram e atividade não era capaz de dar a resposta esperada. A situação do
Brasil é essa. Algumas atividades ou setores tiveram ao longo de anos um lucro
bastante significativo e ocorreu o saturamento do mercado, por vários fatores,
preço ou redução da demanda mas, isso não significa que outras não venham tendo
êxito. Quando o dólar sobe favorece aos exportadores, que estão calados
enquanto lucram. Assim também é o turismo interno. Ninguém mais quer viajar a
Miami e Orlando para fazer compras, isso beneficia o mercado local. Nacionalistas somos nós, que trabalhamos,
produzimos e consumimos produtos e serviços brasileiros e não precisamos se
pintar de verde-amarelo. Outro setor em
franca ebulição é o de confecção de outdoors que, geralmente a época de
campanhas tem um crescimento e uma estagnação nos demais anos. A indústria, por
exemplo, nunca vendeu tantas panelas. A grande maioria para servir para o
cozimento de alimentos e uma parcela representante das elites ou cooptadas por
elas, utiliza como artefato para recreação. Anterior aos anos de chumbo, ventos
do Caribe sopravam sobre a América. Tio Sam, sempre democrático, financiou e
ajudou a derrubar vários governos eleitos pelo povo e colocar uma ditadura
servil. Interessava naquele momento o domínio geográfico, essencial para fazer
frente a então União Soviética. Agora os tempos são outros, o interesse também.
O que se luta é pelo domínio de mercados consumidores. O Brasil é um grande
mercado consumidor. Esse é o interesse que patrocina a tentativa contra as
instituições democráticas. Sejamos claros, ninguém lá fora está interessado em
ter um Brasil competitivo, consumindo produtos nacionais e exportando, por isso,
o crescimento da economia brasileira passou a preocupar países tipicamente
exportadores e com o seu mercado interno saturado. Ah! Mas tem quebradeira. Naturalmente, poucos
anos atrás, os Estados Unidos tiveram um boom imobiliário e isso não levou a
campanhas para derrubar governo. O tempo passou e a economia deu a resposta mais
óbvia, que qualquer capitalista sabe: as oscilações não são eternas. Um reparo
aqui outro ali, em qualquer casa, sempre dá a impressão de um descalabro,
imagine em um país. É preciso ter calma e não aderir ao discurso fácil da
mudança a qualquer custo, pois isso pode levar, todos nós a não ter condições
de pagar esse custo