sábado, 29 de março de 2014

REFLEXÕES: 50 ANOS

REFLEXÕES: 50 ANOS


O sonho de um país mais igualitário teve decretado um hiato que se prolongou por décadas. 50 anos atrás. A cantilena de que o comunismo, o  fim de todas as garantias  e a ameaça a família foram abusivamente utilizados para anestesiar as mentes. Falando agora, 50 anos depois, muitos sequer haviam nascidos, outros nasceram sob o regime do silêncio, nem podem imaginar o que foi feito a pretexto da Lei e da Ordem supostamente ameaçados. O curioso é que os defensores da chamada ordem, foi aqueles que desencadearam o caos, quando derrubaram pela força um presidente eleito e impuseram um militar para executar o comando. Algumas coisas não são justas: nem todos os militares faziam parte da turma raivosa, nem todos os religiosos deram licença para os atos infames, bem como nem todo artista ou estudante era de esquerda. O que teve em comum entre eles foi a luta pela liberdade, pela democracia e por um país melhor, além disso, tiveram também “solidariamente” partilhado a perseguição, a tortura, a prisão, o exílio ou a morte. Ontem, ao final da tarde tive o privilégio de trocar opinião com um exilado político. A conversa foi muito agradável. Caminhávamos enquanto, pelo trânsito difícil e por termos um alcaide empresário, insensível ao fato de que a maioria da população caminha ou utiliza o transporte público, tomávamos o cuidado para não ser atropelados. Falamos de Minha Casa Minha Vida, das fontes de financiamento que foram abertas ao setor construção civil, da empregabilidade, do salário mínimo, da educação e do acesso aos cursos superiores através do PROUNI, da Copa do Mundo, da Olímpiada. Duas gerações que estavam lado-a-lado caminhando pelas ruas de Cuiabá. Um trazia a experiência de vida, algumas marcas também e outro, o conhecimento de livros e de relatos como o dele.  Ambos, no pensamento de Aristóteles, realizamos a catarse.  Já fazia algum tempo que estava a meditar sobre esses estranhos e coincidentes movimentos que são contra a Copa, contra o bolsa-família, contra o PROUNI, contra o Minha Casa Minha Vida, contra o Mais Médicos, enfim, tudo o que é programa social é tratado como despesa. O mais estranho ainda é que muitas pessoas moram em casas obtidas através de programas como o Minha Casa Minha Vida, frequentam a universidade através do PROUNI, ou ainda, já reclamaram ou ficaram na fila aguardando atendimento médico e ainda assim, são contra esses programas que buscam criar caminhos para a solução das demandas sociais. Quando se defende o governo Dilma, em primeiro lugar é pela necessidade de se concluírem todos esses programas. Observe o discurso da oposição. São contra, ainda que usei meias-palavras. Em outras palavras, os pré-candidatos da oposição representam esse perigo da descontinuidade e se você ainda não possui casa, não frequenta faculdade, está desempregado, ou tem outro problema de ordem social, com essa turma que se apresenta... a coisa vai ficar complicada, para não dizer, pior. A bandeira da liberdade, que hoje permite manifestar-se, inclusive, empunhar outras bandeiras, veio com muito sacrifício. Aos mais novos, recomendo: sentem-se em um banco qualquer e troquem informações como era o tempo de seus avós, pais, tios... É preciso resistir para que a ameaça não progrida e a filha da liberdade chamada democracia não seja corrompida por idéias estranhas ao sonho de um país igualitário.