REFLEXÕES: 50 ANOS
O sonho de um país mais igualitário teve
decretado um hiato que se prolongou por décadas. 50 anos atrás. A cantilena de
que o comunismo, o fim de todas as
garantias e a ameaça a família foram
abusivamente utilizados para anestesiar as mentes. Falando agora, 50 anos
depois, muitos sequer haviam nascidos, outros nasceram sob o regime do
silêncio, nem podem imaginar o que foi feito a pretexto da Lei e da Ordem
supostamente ameaçados. O curioso é que os defensores da chamada ordem, foi
aqueles que desencadearam o caos, quando derrubaram pela força um presidente
eleito e impuseram um militar para executar o comando. Algumas coisas não são
justas: nem todos os militares faziam parte da turma raivosa, nem todos os
religiosos deram licença para os atos infames, bem como nem todo artista ou
estudante era de esquerda. O que teve em comum entre eles foi a luta pela
liberdade, pela democracia e por um país melhor, além disso, tiveram também
“solidariamente” partilhado a perseguição, a tortura, a prisão, o exílio ou a
morte. Ontem, ao final da tarde tive o privilégio de trocar opinião com um
exilado político. A conversa foi muito agradável. Caminhávamos enquanto, pelo
trânsito difícil e por termos um alcaide empresário, insensível ao fato de que
a maioria da população caminha ou utiliza o transporte público, tomávamos o
cuidado para não ser atropelados. Falamos de Minha Casa Minha Vida, das fontes
de financiamento que foram abertas ao setor construção civil, da
empregabilidade, do salário mínimo, da educação e do acesso aos cursos
superiores através do PROUNI, da Copa do Mundo, da Olímpiada. Duas gerações que
estavam lado-a-lado caminhando pelas ruas de Cuiabá. Um trazia a experiência de
vida, algumas marcas também e outro, o conhecimento de livros e de relatos como
o dele. Ambos, no pensamento de
Aristóteles, realizamos a catarse. Já
fazia algum tempo que estava a meditar sobre esses estranhos e coincidentes
movimentos que são contra a Copa, contra o bolsa-família, contra o PROUNI,
contra o Minha Casa Minha Vida, contra o Mais Médicos, enfim, tudo o que é
programa social é tratado como despesa. O mais estranho ainda é que muitas
pessoas moram em casas obtidas através de programas como o Minha Casa Minha
Vida, frequentam a universidade através do PROUNI, ou ainda, já reclamaram ou
ficaram na fila aguardando atendimento médico e ainda assim, são contra esses
programas que buscam criar caminhos para a solução das demandas sociais. Quando
se defende o governo Dilma, em primeiro lugar é pela necessidade de se
concluírem todos esses programas. Observe o discurso da oposição. São contra,
ainda que usei meias-palavras. Em outras palavras, os pré-candidatos da oposição
representam esse perigo da descontinuidade e se você ainda não possui casa, não
frequenta faculdade, está desempregado, ou tem outro problema de ordem social,
com essa turma que se apresenta... a coisa vai ficar complicada, para não
dizer, pior. A bandeira da liberdade, que hoje permite manifestar-se,
inclusive, empunhar outras bandeiras, veio com muito sacrifício. Aos mais
novos, recomendo: sentem-se em um banco qualquer e troquem informações como era
o tempo de seus avós, pais, tios... É preciso resistir para que a ameaça não
progrida e a filha da liberdade chamada democracia não seja corrompida por
idéias estranhas ao sonho de um país igualitário.
Nenhum comentário:
Postar um comentário